
Quando terminamos, fui cumprimentado pelo público. Seguia para o camarim quando minha mãe me abordou para me dar os parabéns.
_ Parabéns pelo o quê? – a interrompi – Eu olhava para a senhora e só a notava triste! Por que a senhora insiste em me ver cantar se qualquer um percebe que não está gostando? Melhor seria ter ficado em casa, não acha?
Saindo do camarim, não precisei me esforçar muito para encontrá-la. Minha mãe permanecia parada no mesmo lugar onde eu lhe dei as costas. Pensei em pedir desculpas, mas, desta vez, foi ela quem me interrompeu:
_ Filho, eu admiro tudo o que faz. Eu agradeço muito a Deus pela pessoa linda e talentosa que você se tornou. Se pareço triste é porque lembro das dificuldades que passamos e me aperta o coração pensar em tudo que eu gostaria de ter feito por você e não pude. Penso em tudo que eu poderia ter feito diferente. Me orgulha todas as suas conquistas, mas me dói perceber que não fui cúmplice de muitas delas.
Senti um bloqueio em minha garganta e minha única reação foi desviar o olhar para um ponto qualquer no chão a procura de mim mesmo. Como se lesse meus pensamentos, ela concluiu:
_ Desculpe se eu o aborreço quando insisto em pegar sua mão para atravessarmos uma rua. Sei que você não gosta, mas não é que eu esteja te tratando como criança... Sou eu que preciso de seu apoio, pois assim me sinto mais segura. Você me entende, filho?
O bloqueio em minha garganta foi destruído a golpes de lágrimas e pedidos de desculpas. Não havia nada mais a ser dito, pelo menos não em palavras. Peguei-a pela mão e a conduzi até a mesa.
_ Vem, mãe... Vamos assistir a próxima banda.
Em minha eterna carreira como filho, há uma mãe que jamais esquecerei.