Esta informação pode
chocar muitas pessoas, mas lá vai: sexo não é aquilo que você
aprendeu nos filmes pornográficos. A indústria de entretenimento
adulto contrata pessoas dispostas a encenar uma alegoria. Tem como
proposta o espetáculo explícito para conquistar seus expectadores.
Lamento, mas não é real. É um produto que pode e deve ser
consumido com a devida moderação, que nos desperta uma saudável
curiosidade e que nos ajuda a apimentar nossas relações, mas não
nos deixemos enganar. Sexo é importante, mas não é o termômetro
de nossas vidas. A qualidade é sempre melhor que a quantidade. Ser
insaciável na cama pode causar uma boa impressão no início, mas
isso também passa. Ser bom de cama não garante a fidelidade do
parceiro. Bom de cama, na verdade, é algo que sequer existe.
Virilidade não substitui cumplicidade.
Tudo isso foi dito tão
somente para contar a história de Lucileide. Vinte oito anos,
casada, gerente financeira. Ela preparava o café da manhã, quando
seu celular anuncia o recebimento de uma nova mensagem de texto:
“Parabéns! Agora você é medalha de prata! Conheci uma mulher
que consegue ser pior que você na cama! Beijos, Walberson.”
Lucileide lembrava bem
de Walberson. Tentaram engatar um namoro há uns oito anos, mas
terminaram quando ele precisou sair do Rio e foi morar em São Paulo,
por conta do trabalho. Não conseguia imaginar porquê ele escreveria
aquilo. Só poderia estar brincando. Ela sempre se gabou de sua
performance entre quatro paredes. Fazia questão de lembrar sua
descendência de sangue quente, neta de italianos e espanhóis.
Passou uma semana
incomodada , muitas vezes furiosa, com a mensagem. Por fim, decidiu
ligar para ele. Manteve a pose, não tocou no assunto. Walberson
disse que estaria no Rio no próximo final de semana e a convidou
para almoçar. Mesmo achando muita cara-de-pau, aceitou o convite.
Seria a oportunidade perfeita para interrogá-lo.
Durante o almoço,
Walberson puxou vários assuntos, mas não demorou muito para
Lucileide interrompê-lo:
_ Por que me mandou
aquela mensagem?
_ Ah, Lu... Me
desculpe! Naquela noite eu tinha conhecido uma mulher linda, modelo,
atriz e praticante de pole dance. Estávamos
numa festa e mal pude acreditar quando ela me deu bola. Achei que era
meu dia de sorte! Levei-a para minha casa e...
_ E?
_ E nada. A mulher era cheia de frescuras, não parava de falar,
neurótica com a própria aparência, insegura, imatura... Não rolou
química. Foi a pior transa da minha vida! Estava tão decepcionado e
chateado que acabei escrevendo aquilo.
_ Quer dizer que agora eu sou “medalha de prata”?
_ Bom, não se ofenda, Lu, mas as coisas não fluíam bem entre nós.
Éramos muito jovens, você era muito afobada, desastrada... Sendo
muito sincero, foi um alívio quando a empresa me chamou para
trabalhar na matriz. Sem ofensas, ok?
Uma das coisas que Lucileide sempre admirou nele era sua sinceridade,
mas não precisava tanto. Pediu licença e foi ao banheiro. Quando
retornou, estava transfigurada. Pediu a conta ao garçom e foi direto
ao assunto:
_ Vamos embora. Não temos muito tempo. Tem um motel aqui perto,
vamos no seu carro. Mas que fique bem claro que sou uma mulher casada
e isto nunca mais se repetirá, fui clara?
Walberson foi pego de surpresa, mas acatou.
Pegaram uma suíte super master presidencial mega plus king size top
cinco estrelas. Durante duas horas, Lucileide deu o seu melhor.
Fizeram de tudo em todas as posições e inventaram algumas novas.
Não era tesão, era questão de honra! Não se rendeu pelo cansaço.
Mais que sexo, isto seria um ato heroico. Uma façanha digna de uma
amazona. Seu nome ficará registrado na memória deste homem como a
experiência erótica mais incrível de sua vida.
Walberson voltou a São Paulo naquela noite. No dia seguinte,
Lucileide chega atrasada no trabalho, exausta, mas radiante. Não
conseguia conter o sorriso quando lembrava da cara de embasbacado de
seu amante quando se despediram. Claro que seu marido não merecia
ser traído, mas o prazer de sentir-se vingada era maior que o
arrependimento. Se sentia maravilhosamente atraente e segura, quando
uma nova mensagem a tirou de seu transe: