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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O Mito Falocêntrico

Verdade absoluta n.º 1: Todo homem é movido à massagem no ego.

A senhora pode fazer o teste. Quando quiser que seu esposo lave a louça, não brigue com ele chamando-o de vagabundo imprestável. Diga a ele: “Ai, amor! Queria saber lavar a louça como você! Você faz tudo rapidinho e as panelas brilham como novas! Por mais que eu tente eu não consigo fazer melhor que você!”
Parabéns! A senhora acaba de ganhar um “marido-lava-louças” para a vida inteira!

Verdade absoluta n.º 2: 99,9% do ego masculino está concentrado no pênis.

E isso não é culpa exclusiva nossa. Desde nossa criação somos acostumados com uma platéia feminina formada por mãe, tias, avós, primas que se revezam na bolinação de nosso pequeno membro. O guri fica só curtinho o lance com a certeza de que ele tem entre as pernas algo tremendamente valioso e digno de adoração e devoção. Não se trata apenas de um órgão genital, mas de um monolito, um toten, um obelisco... Símbolo eterno de virilidade, orgulho, poder e prosperidade.
Enquanto as meninas cruzam as pernas, os meninos tendem a andar escancarados exibindo o volume de suas partes íntimas, quando não expondo descaradamente. O homem chega ao ridículo de contar feitos extraordinários de seu poderoso falo. Certa vez, um amigo desabafou comigo sua decisão de largar o tabagismo: “Preciso parar de fumar! O cigarro está acabando com meu desempenho na cama! Antes eu dava 5 ou 6 sem suar a camisa. Hoje, na terceira já estou cansado.”
Diante desta declaração no mínimo exagerada, precisei rebater com ironia: “Meu caso é mais complicado que o seu. Também, preciso parar de fumar. O cigarro está acabando com meu desempenho sexual!”
_ Mas você não fuma!
_ Eu disse que meu caso é mais complicado...
Lembro de uma ocasião em que uma antiga namorada quis me fazer um elogio. Ela disse que meu pênis era “ideal”. Meio transtornado, quis entender sua observação e ela disse: “Ele não é exagerado, tem o tamanho certo, é agradável aos olhos. Ideal.”
Esse elogio me pareceu mais uma provocação e não dava pra ficar calado. Durante o jantar, ela me perguntou o que eu achei do capeletti aos quatro queijos que ela preparou (sua especialidade).
_ Achei ideal.
_ Ideal?!
_ É... Não está exagerado.
_ Como é que é?!
_ O prato tem o tamanho certo.
_ Escuta aqui...
_ É agradável aos olhos. Ideal.
_ Ai, seu cavalo!!!
O namoro não durou muito depois disso, mas até hoje lembro com orgulho e satisfação de nossa última briga:
“Ai, seu cavalo!!!”

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Código de Vênus

Poucas coisas neste mundo me assombram tanto quanto o “nada feminino”. Não é de hoje que sabemos que quando uma mulher afirma que nada está acontecendo há algum evento de proporções apocalípticas por vir. Quando uma mulher gritar “Nada!Nada!”, a melhor coisa é nadar mesmo, pois aí vem um tsunami.
Na tentativa de desvendar os mistérios que há por trás deste código de Vênus, criptógrafos renomados e cientistas de várias áreas se uniram e desenvolveram métodos revolucionários de tradução. Para que os mesmos não fossem acusados de machistas, as experiências foram feitas com ratinhos de laboratório. No início, não foi percebido qualquer resultado conclusivo, mas, depois de injetarem hormônio feminino nos pequenos roedores albinos, os testes foram reveladores:
Nada = Tudo!
Nada + cara séria = Adivinhe!
Nada + cara de raiva = Você sabe muito bem! Deixa de ser cínico!”
Nada + suor na testa = Eu estourei o limite do cartão de crédito de novo...
Nada + lágrimas = Eu assisti Titanic pela enésima vez...
Nada + sorriso = Estou grávida!
Nada, querido = Nossa filha está grávida.
Nada, amor = Estou te traindo.
Nada, amorzinho = Estou te traindo com seu melhor amigo.
Nada, amorzão = Estou te traindo com seu pai.
Nadinha = Minha mãe vai passar o final de semana aqui em casa.
Nada de mais... = Aquele arranhão que dei em seu carro deu perda total...
Custou quase nada = Foi parcelado a perder de vista.
Nada, por quê? = Eu planejei tudo tão bem, como você descobriu?
Nada + biquinho = Briguei com meu namorado.
Nada + cuspe no chão = Briguei com minha namorada.
Nadaaaaaaaaaaaaa!!! = Não lembro onde guardei meu Prozac!!!
Nada + surto psicótico = Cólica mestrual.
Nada não = Indecifrável. Esse pleonasmo enfatizando a inexistência de qualquer coisa é um enigma inquebrável. Nestes casos, aconselha-se observar todos os detalhes ao redor e reagrupar as informações como um complexo quebra-cabeça. É possível que a verdade jamais seja revelada.
Aproveito a oportunidade para informar que nenhum animal foi maltratado nesta experiência. Alguns ratinhos até subiram de carreira e hoje desfilam com bolsas de griffe. As esposas dos cientistas também garantem que eles NADA sofreram.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Grito do Guerreiro

A imaginação de uma criança é mesmo algo contagiante. Lembro de uma vez em que fui à Nova Iguaçu pagar uma conta e um menino estava parado no calçadão segurando uma espada de brinquedo. Ele parecia concentrado e indiferente às pessoas que transitavam a seu redor. De repente, ele desembainhou a espada e bradou como um poderoso guerreiro. Os braços abertos, espada em riste e o urro selvagem com direito a vento esvoaçando o cabelo e a blusa.
Dei um pulo para trás. Jurava que raios surgiriam em volta daquela figura mística e os vidros das janelas dos prédios mais próximos começariam a estilhaçar. Por sorte a mãe do menino surgiu e, puxando-o pelo braço, pôs fim àquela manifestação devastadora de poder. Estávamos salvos.
Mais tarde, na intimidade do meu quarto, minha namorada e eu acabáramos de fazer amor e ela resolveu discutir nossa relação.
_ Acho que estamos vivendo uma rotina.
_ Como assim?
_ É sempre a mesma coisa! Precisamos fazer coisas diferentes!
_ Acha que nosso lance não está sendo legal?
_ Legal é, mas... Sei lá! Acho que falta um pouco mais de imaginação!
Com esta última frase, não tive dúvidas! Saltei da cama e vasculhei minha gaveta com material de desenho e encontrei o que eu procurava: uma régua de 60cm!
_ Amor, o que pretende fazer com isso?
Não respondi. Fiz uma cara de mal e minha companheira deu um sorrisinho maroto. Ela ficou toda entusiasmada quando bati com a régua na palma de minha mão.
_ Ui! Seu safadinho...
Fiquei de pé sobre o colchão e ergui a régua, quase atingindo o ventilador de teto, como se fosse a própria excalibur. Dei o urro mais potente que meus pulmões conseguiram reproduzir e ainda simulei um terremoto sacudindo a cômoda e as cortinas.
Depois disso ela nunca mais atendeu meus telefonemas e eu até imagino o porquê.